Vinicius (fragmento de "O amor dos homens")
Vinicius (fragmento de "O amor dos homens")
E então, desesperado
Parto de ti, sou caçador de tigres em Bengala
Alpinista no Tibet, monje em Cintra, espeleólogo
Na Patagônia. Passo três meses
Numa jangada em pleno oceano para
Provar a origem polinésica dos maias. Alimento-me
De plancto, converso com as gaivotas, deito ao mar poesia engarrafada, acabo
Naufragando nas costas de Antofagasta. Time, Life e Paris-Match
Dedicam-me enormes reportagens. Fazem-me
O "Homem do Ano" e candidato certo ao Prêmio Nobel.
Mas eis comes um pêssego. Teu lábio
Inferior dobra-se sob a polpa, o suco
Escorre pelo teu queixo, cai uma gota no teu seio
E tu te ris. Teu riso
Desagrega os átomos. O espelho pulveriza-se, funde-se o cano de descarga
Quantidades insuspeitadas de estrôncio-90
Acumulam-se nas camadas superiores do banheiro
Só os genes de meus tataranetos poderão dar prova cabal de tua imensa
Radioatividade. Tu te ris, amiga
E me beijas sabendo a pêssego.
Parto de ti, sou caçador de tigres em Bengala
Alpinista no Tibet, monje em Cintra, espeleólogo
Na Patagônia. Passo três meses
Numa jangada em pleno oceano para
Provar a origem polinésica dos maias. Alimento-me
De plancto, converso com as gaivotas, deito ao mar poesia engarrafada, acabo
Naufragando nas costas de Antofagasta. Time, Life e Paris-Match
Dedicam-me enormes reportagens. Fazem-me
O "Homem do Ano" e candidato certo ao Prêmio Nobel.
Mas eis comes um pêssego. Teu lábio
Inferior dobra-se sob a polpa, o suco
Escorre pelo teu queixo, cai uma gota no teu seio
E tu te ris. Teu riso
Desagrega os átomos. O espelho pulveriza-se, funde-se o cano de descarga
Quantidades insuspeitadas de estrôncio-90
Acumulam-se nas camadas superiores do banheiro
Só os genes de meus tataranetos poderão dar prova cabal de tua imensa
Radioatividade. Tu te ris, amiga
E me beijas sabendo a pêssego.
Entonces, desesperado, huyo de tisoy cazador de tigres en Bengalaalpinista en el Tibet, monje en el Cintraespeleólogo en la Patagonia.Paso tres meses en una balsa en pleno océanopara probar el origen polinésico de los mayas.Me alimento de plancton, converso con las gaviotasecho al mar poesía embotelladay termino naufragando en la costa de Antofagasta.Time, Life y París-Match me dedican enormes reportajes.Me eligen "Hombre del año" y candidato seguro al Premio Nobel.Pero ahora comes un durazno.tu labio inferior se dobla bajo la pulpael jugo corre por tu mentónuna gota cae en tu pecho y ríes.Tu risa desintegra el átomo.El espejo se pulveriza, se funden las tuberíascantidades insospechadas de estroncio 90se acumulan en los estratos superiores del baño.Sólo los genes de mis tataranietos podrán dar prueba cabalde tu inmensa radiactividad.Tú ríes, amiga,y me besas con sabor a durazno.
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